quinta-feira, 12 de março de 2009

Bactérias que comem pedras e vida em Marte

A esperança de um dia encontrarmos vida em Marte recebeu, indiretamente, um estímu­lo inesperado. Foram descobertas nos Estados Unidos bactérias estranhíssimas, que se alimentam basicamente de água e de pedras! Elas foram encontradas em rochas profun­das que armazenam água, no interior de formações basálticas, perto do rio Colúmbia, em Washington. Essas bactérias não usam matéria orgânica alheia — isto é, são autótrofas — mas também não utilizam a luz do sol nem a energia geotérmica. Em vez disso, elas con­seguem energia da seguinte forma: ocorre, nas profundezas das rochas, uma reação quí­mica espontânea entre os silicatos do basalto e a água, havendo liberação de hidrogénio.As bactérias usam esse hidrogénio, combinam-no com o gás carbónico dissolvido na água e fabricam metano. Essa reação libera energia, que as bactérias então utilizam para pro­duzir alimento orgânico.Todd Stevens e Jim McKinley cultivaram essas bactérias em laboratório, fornecendo-lhes apenas água e pedaços de rocha moída. A maioria das culturas sobreviveu com essa dieta; no entanto, também foram descobertas algumas espécies que requeriam matéria orgâni­ca. Isso faz suspeitar que existem verdadeiros ecossistemas subterrâneos, em que microrganismos autótrofos e heterótrofos se relacionam. Esses possíveis ecossistemas receberam o nome de SLiME, abreviação de Subsurface üthoautotrophic Microbial Ecosystem, ou, traduzindo, ecossistema microbiano litoautotrófico5 subterrâneo. Foi sugerida a possibilidade de que os primeiros organismos a aparecerem no nosso pla­neta tenham sido semelhantes a essas bactérias, retomando-se, portanto, a hipótese auto-trófica da origem da vida. A favor dessa ideia está o fato de esses organismos serem bio-quimicamente muito simples.O que teria tudo isso que ver com a possibilidade de existir vida em Marte, presente ou passada? Na realidade, se ainda há vida em Marte, ela deve assemelhar-se muito a essas bactérias pouco exigentes.Todos os ingredientes necessários estão presentes no ambien­te marciano; por causa disso, alguns cientistas da NASA acreditam ser muito possível a existência de algo parecido com os ecossistemas do tipo SLiME em Marte. Fica agora um mistério, pelo menos para nossa biosfera: como bactérias desse tipo teriam ido parar naquelas profundidades, no caso das rochas vulcânicas de que falávamos? A não ser, é claro, que a vida na Terra não tenha se originado nos mares primitivos, como é clas­sicamente explicado...

1. Por que podemos considerar autótrofas as bactérias citadas no texto?
2. Poderíamos dizer que essas bactérias são fotossintetizantes? Discuta.
3. A hipótese autotrófica da origem da vida é menos aceita do que a hipó­tese heterotrófíca. Verifique, no texto do capítulo, o porquê. Em segui­da, explique por que o descobrimento dessas bactérias especiais fez com que a hipótese autotrófica voltasse a ser considerada razoável.

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