terça-feira, 2 de abril de 2013

SUPERBACTÉRIAS


Hospital de Betim suspende internações devido a superbactéria
Segundo direção da unidade, dez pacientes estão infectados.  Pessoas internadas em estado grave serão transferidas.  Do G1 MG 

O Hospital Regional de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, suspendeu, por tempo indeterminado, a internação de novos pacientes. A decisão foi tomada após relatório da Vigilância Sanitária, que prevê algumas ações para conter o surto de superbactéria. De acordo com o diretor do hospital, Mário das Graças Xavier, dez pacientes estão infectados. Técnicos da Vigilância Sanitária passaram  três dias no hospital, a pedido da própria direção da unidade, para tentar entender porque tantos pacientes estão sendo infectados . No ano passado, foram 22 casos.O laudo apontou a necessidade de mudanças estruturais no hospital. Até que elas sejam concluídas, novas internações estão suspensas e todos os pacientes em estado grave serão transferidos a partir desta segunda-feira (4). Os serviços de urgência e emergência continuam funcionando normalmente.As cirurgias agendadas, cerca de 380 por mês, também estão paralisadas. E não há previsão de quando as marcações serão retomadas. Ainda que temporariamente, a população vai ficar sem 320 leitos.A técnica em contabilidade Rosana Chaves diz que está preocupada porque o filho dela está internado na unidade desde esta quarta-feira (30). “A preocupação é de realmente essa bactéria chegar atá o andar dele”, diz.O diretor do hospital garantiu que não há risco de contaminação. Segundo ele, os dez pacientes infectatos pela superbactéria estão isolados. “Eu gostaria de tranquilizar os familiares desses pacientes, esses casos que estão acontecendo aqui, que estão internados, eles estão em isolamento e sendo cuidados por uma equipe especializada, uma equipe exclusiva para esses atendimentos. Então, os outros pacientes não correm risco de contaminação”, afirmou.Segundo a Secretaria de Saúde, a bactéria KPC – a superbactéria – está diretamente relacionada ao uso indiscriminado de antibióticos e se prolifera, principalmente, em ambientes hospitalares. A contaminação se dá pelo contato direto com os pacientes infectados. A bactéria pode ser encontrada na água, no solo, em vegetais, cereais e frutas. De acordo com os médicos, ela pode causar pneumonia, infecções sanguíneas e evoluir para infecção generalizada .Em 2012, foram registrados 49 casos em Minas Gerais, a maioria em Betim.

As bactérias super-resistentes a antibióticos são um fenômeno recente observado em pacientes que viajaram ao sul da Ásia para fazerem cirurgias plásticas e retornaram a seus países. O primeiro estudo foi publicado em 2009, na revista médica The Lancet e se refere ao gene NDM-1, encontrado até o momento nas bactérias Klebsiella pneumoniae e Escherichia coli, que causam pneumonia e infecção urinária. Esse gene produz resistência até aos antibióticos da classe das carbapenemas e pode levar a uma preocupant epandemia em futuro próximo.Segundo os cientistas[1] da Universidade de Madras, as novas bactérias chegaram à Grã-Bretanha trazidas por pacientes que viajaram à Índia ou ao Paquistão para realizarem tratamentos cosméticos. Ao acompanharem pacientes com sintomas suspeitos, eles encontraram 44 casos (1,5% dos investigados) em Chennai e 26 (8%) em Haryana, na Índia. Eles também detectaram a superbactéria em Bangladesh e no Paquistão, bem como em 37 casos na Grã-Bretanha. Os únicos antibióticos efetivos foram a tigeciclina e acolistina.Os pesquisadores[2] alertam que o gene se instala nos plasmídeos, estruturas de DNA que podem facilmente ser copiadas e transmitidas para diversos outros tipos de bactéria. "Isso sugere uma alarmante possibilidade de o gene se espalhar e modificar toda a população de bactérias", disse ao Correio Braziliense Timothy Walsh, médico descobridor do gene. A mutação foi causada pelo uso excessivo de antibióticos e porque nos países citados não há grandes cuidados higiênicos.O gene já foi detectado também na Austrália[3] e em Portugal,[4] onde a notificação compulsória foi instituída em outubro, sempre que a investigação de bactérias resistentes aos carbapenemos revelar a enzima NDM-1.[5] Até o momento, há casos relatados no Brasil,[6]mas as autoridades médicas afirmam que ainda não se classifica a moléstia como Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional, classificação definida pelo Regulamento Sanitário Internacional (RSI 2005) para medidas contra novos agentes infecciosos. Autoridades da Índia protestaram contra a insinuação de que o país não é seguro para cirurgias.[7] Por causa[8] do turismo médico e das viagens internacionais, e devido à baixa expectativa de novos antibióticos, a bactéria pode se tornar grave problema desaúde pública no mundo todo.O fenômeno da resistência bacteriana é antigo e decorre[9] de uso indiscriminado de antibióticos e de má higienização nos hospitais. A diferença é que desta vez a resistência chegou ao nível em que nenhum antibiótico surte efeito contra as bactérias. Nas palavras[10] do médico David Livermore, da Agência Britânica para a Proteção de Saúde:
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Se isto for ignorado, o nosso receio é que a resistência se comece a propagar por outras bactérias no Reino Unido. As bactérias que têm revelado essa resistência são as que normalmente causam infecções urinárias, particularmente em pacientes hospitalizados. Por vezes causam infecções em feridas e outras vezes pneumonias, um vasto leque de infecções que afetam principalmente pessoas mais vulneráveis, que já estejam doentes.
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Em outubro de 2010, um surto da superbactéria causou a morte de 18 pessoas no Distrito Federal, dentro de um universo de 183 contaminados. Entretanto, não é o mesmo microrganismo da Ásia, apenas possui a mesma origem no gene mutante da Klebsiella pneumoniae.[11] As autoridades médicas posteriormente reconheceram casos em ParaíbaEspírito SantoRio de JaneiroSão Paulo,Rio Grande do Sul e Paraná. Anunciaram também uma reunião da Anvisa para restringir a venda de antibióticos no Brasil e discutir outros meios de evitar a propagação da superbactéria.O surto de superbactéria no Distrito Federal foi causado sobretudo pela má higiene hospitalar e pela falta de recursos materiais, enfatizando a necessidade de mais verbas para o SUS e a conscientização de médicos e pacientes contra o uso indiscriminado de antibióticos, o que causa seleção bacteriana.[13] Entretanto, o problema ainda se restringe a ambientes hospitalares. O infectologistaAlexandre Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia do Distrito Federal, explica o problema da seguinte forma:
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quem corre mais risco de infecção são pacientes que estão com sonda, catéter, punção venosa ou em outra situação que possa favorecer a infecção bacteriana. Mas, para quem visita o paciente, o risco é de ser colonizado pela bactéria, algo muito diferente de ser contaminado. Ou seja, a bactéria pode estar presente nas mãos, nos braços e no trato digestivo do visitante que manteve contato com o paciente, mas ele só correrá o risco de contaminação se sua saúde estiver debilitada e ele estiver com a imunidade baixa.
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Segundo o médico David Uip, diretor do Instituto Emílio Ribas, unidade de referênia em infectologia no Brasil, o custo de desenvolvimento de novos antibióticos é muito elevado e os laboratórios farmacêuticos podem não se interessar, exigindo-se portanto pesados investimentos públicos. Ele afirnou que os infectologistas brasileiros estão se valendo da polimixina para enfrentarem as supebactérias, mas isso poderá causar nova seleção bacteriana. A Sociedade Americana de Doenças Infecciosas estabeleceu como meta, até 2020, colocar dez novos produtos no mercado.Em 2011, uma cepa de Staphylococcus aureus também foi identificada como uma bactéria resistente a todos os antibióticos. A amostra foi colhida no leite de vaca na Escócia, Inglaterra, Dinamarca, Irlanda e Alemanha, mas o mesmo germe se encontra em seres humanos, principalmente na pele. Geralmente o estafilococo só causa doença quando a pessoa se corta e essa variedade não é mais patogênica, mas resiste a qualquer antibiótico, tornando mais difícil o tratamento. Isso se deve a um gene chamado CFR, que codifica uma proteína capaz de proteger o ribossomo da bactéria contra o antibiótico.Entretanto, pode haver uma alternativa. O Hospital das Clínicas de São Paulo investigou o efeito do ozônio em dez bactérias, incluindo a KPC, e concluiu que essa substância pode destrui-las por meio de corrosão de suas membranas. O teste foi feito in vitro, com colônias de bactérias, e deve ser repetido em pacientes de hospitais e UTIs, cujos ambientes podem ser vaporizados com ozônio. Esse gás há tempo vem sendo usado com sucesso em  infecções bacterianas.
FONTE:

1)Explique porque as superbactérias surgem normalmente em ambientes hospitalares.
2) Que tipo de problemas de saúde a  bactéria KPC pode causar?
3) Explique a relação entre o gene ao  NDM-1 e o surgimento de bactérias resistentes e a possibilidade  de pandemias.
4) Em que estruturas bacterianas o gene NDM-1 está localizado?
5) Discuta o caso de  superbactérias no Distrito Federal.
6) Explique a diferença de riscos de contaminação entre uma pessoa hospitalizada ( o paciente) e o visitante.
7) Que tipo de gás vem sendo usado para combater as superbactérias? E como atua sobre estas  bactérias?