Hospital de Betim suspende
internações devido a superbactéria
Segundo
direção da unidade, dez pacientes estão infectados. Pessoas internadas em estado grave serão
transferidas. Do G1 MG
O Hospital Regional de Betim, na Região
Metropolitana de Belo Horizonte, suspendeu, por tempo indeterminado, a
internação de novos pacientes. A decisão foi tomada após relatório da
Vigilância Sanitária, que prevê algumas ações para conter o surto de
superbactéria. De acordo com o diretor do hospital, Mário das Graças Xavier,
dez pacientes estão infectados. Técnicos da Vigilância Sanitária passaram três dias no hospital, a pedido da própria
direção da unidade, para tentar entender porque tantos pacientes estão sendo
infectados . No ano passado, foram 22 casos.O laudo apontou a necessidade de
mudanças estruturais no hospital. Até que elas sejam concluídas, novas
internações estão suspensas e todos os pacientes em estado grave serão
transferidos a partir desta segunda-feira (4). Os serviços de urgência e
emergência continuam funcionando normalmente.As cirurgias agendadas, cerca de
380 por mês, também estão paralisadas. E não há previsão de quando as marcações
serão retomadas. Ainda que temporariamente, a população vai ficar sem 320
leitos.A técnica em contabilidade Rosana Chaves diz que está preocupada porque
o filho dela está internado na unidade desde esta quarta-feira (30). “A
preocupação é de realmente essa bactéria chegar atá o andar dele”, diz.O
diretor do hospital garantiu que não há risco de contaminação. Segundo ele, os
dez pacientes infectatos pela superbactéria estão isolados. “Eu gostaria de
tranquilizar os familiares desses pacientes, esses casos que estão acontecendo
aqui, que estão internados, eles estão em isolamento e sendo cuidados por uma
equipe especializada, uma equipe exclusiva para esses atendimentos. Então, os
outros pacientes não correm risco de contaminação”, afirmou.Segundo a
Secretaria de Saúde, a bactéria KPC – a superbactéria – está diretamente
relacionada ao uso indiscriminado de antibióticos e se prolifera,
principalmente, em ambientes hospitalares. A contaminação se dá pelo contato
direto com os pacientes infectados. A bactéria pode ser encontrada na água, no
solo, em vegetais, cereais e frutas. De acordo com os médicos, ela pode causar
pneumonia, infecções sanguíneas e evoluir para infecção generalizada .Em 2012,
foram registrados 49 casos em Minas Gerais, a maioria em Betim.
As bactérias super-resistentes a antibióticos são um fenômeno recente observado em pacientes que
viajaram ao sul da Ásia para fazerem cirurgias plásticas e retornaram a
seus países. O primeiro estudo foi publicado em 2009, na revista médica The Lancet e
se refere ao gene NDM-1, encontrado até o momento nas bactérias Klebsiella pneumoniae e Escherichia coli,
que causam pneumonia e infecção urinária. Esse gene produz
resistência até aos antibióticos da classe das carbapenemas e pode levar a uma preocupant epandemia em futuro próximo.Segundo
os cientistas[1] da Universidade de Madras, as novas bactérias chegaram à Grã-Bretanha trazidas por pacientes que
viajaram à Índia ou ao Paquistão para realizarem tratamentos
cosméticos. Ao acompanharem pacientes com sintomas suspeitos, eles encontraram
44 casos (1,5% dos investigados) em Chennai e 26 (8%) em Haryana, na Índia.
Eles também detectaram a superbactéria em Bangladesh e no Paquistão, bem como em 37
casos na Grã-Bretanha. Os únicos antibióticos efetivos foram a tigeciclina e
acolistina.Os pesquisadores[2] alertam que o gene se instala
nos plasmídeos,
estruturas de DNA que podem facilmente ser copiadas
e transmitidas para diversos outros tipos de bactéria. "Isso sugere uma
alarmante possibilidade de o gene se espalhar e modificar toda a população de
bactérias", disse ao Correio Braziliense Timothy Walsh,
médico descobridor do gene. A mutação foi causada pelo uso excessivo de
antibióticos e porque nos países citados não há grandes cuidados higiênicos.O
gene já foi detectado também na Austrália[3] e em Portugal,[4] onde a notificação compulsória
foi instituída em outubro, sempre que a investigação de bactérias resistentes
aos carbapenemos revelar a enzima NDM-1.[5] Até o momento, há casos relatados
no Brasil,[6]mas as autoridades médicas afirmam que
ainda não se classifica a moléstia como Emergência de Saúde Pública de
Importância Internacional, classificação definida pelo Regulamento Sanitário Internacional (RSI 2005) para
medidas contra novos agentes infecciosos. Autoridades da Índia protestaram
contra a insinuação de que o país não é seguro para cirurgias.[7] Por
causa[8] do turismo médico e das viagens
internacionais, e devido à baixa expectativa de novos antibióticos, a bactéria
pode se tornar grave problema desaúde pública no mundo todo.O
fenômeno da resistência bacteriana é antigo e
decorre[9] de uso indiscriminado de
antibióticos e de má higienização nos hospitais. A diferença é que desta vez a
resistência chegou ao nível em que nenhum antibiótico surte efeito contra as
bactérias. Nas palavras[10] do médico David Livermore, da
Agência Britânica para a Proteção de Saúde:
Se isto for ignorado, o nosso receio é que a resistência se comece a
propagar por outras bactérias no Reino Unido. As bactérias que têm revelado
essa resistência são as que normalmente causam infecções urinárias,
particularmente em pacientes hospitalizados. Por vezes causam infecções em
feridas e outras vezes pneumonias, um vasto leque de infecções que afetam
principalmente pessoas mais vulneráveis, que já estejam doentes.
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Em outubro de 2010, um surto da superbactéria causou a morte de 18 pessoas no Distrito
Federal, dentro de um universo de 183 contaminados. Entretanto, não é o mesmo
microrganismo da Ásia, apenas possui a mesma origem no gene mutante da Klebsiella pneumoniae.[11] As
autoridades médicas posteriormente reconheceram casos em Paraíba, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo,Rio Grande do Sul e Paraná. Anunciaram também uma reunião
da Anvisa para
restringir a venda de antibióticos no Brasil e discutir outros meios
de evitar a propagação da superbactéria.O surto de superbactéria no Distrito
Federal foi causado sobretudo pela má higiene hospitalar e pela falta de
recursos materiais, enfatizando a necessidade de mais verbas para o SUS e a conscientização de médicos e pacientes contra o uso
indiscriminado de antibióticos, o que causa seleção bacteriana.[13] Entretanto, o problema ainda se
restringe a ambientes hospitalares. O infectologistaAlexandre
Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia do Distrito Federal,
explica o problema da seguinte forma:
quem corre mais risco de infecção são pacientes que estão com sonda,
catéter, punção venosa ou em outra situação que possa favorecer a infecção
bacteriana. Mas, para quem visita o paciente, o risco é de ser colonizado
pela bactéria, algo muito diferente de ser contaminado. Ou seja, a bactéria
pode estar presente nas mãos, nos braços e no trato digestivo do visitante
que manteve contato com o paciente, mas ele só correrá o risco de
contaminação se sua saúde estiver debilitada e ele estiver com a imunidade
baixa.
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Segundo o médico David Uip, diretor
do Instituto Emílio Ribas, unidade de referênia em infectologia no Brasil, o custo de
desenvolvimento de novos antibióticos é muito elevado e os laboratórios
farmacêuticos podem não se interessar, exigindo-se portanto pesados
investimentos públicos. Ele afirnou que os infectologistas brasileiros estão se
valendo da polimixina para enfrentarem as supebactérias, mas isso
poderá causar nova seleção bacteriana. A Sociedade
Americana de Doenças Infecciosas estabeleceu como meta, até 2020, colocar dez novos produtos no mercado.Em 2011, uma cepa de Staphylococcus aureus também foi
identificada como uma bactéria resistente a todos os antibióticos. A amostra
foi colhida no leite de vaca na Escócia, Inglaterra, Dinamarca, Irlanda e
Alemanha, mas o mesmo germe se encontra em seres humanos, principalmente na
pele. Geralmente o estafilococo só causa doença quando a pessoa se corta e essa
variedade não é mais patogênica, mas resiste a qualquer antibiótico, tornando
mais difícil o tratamento. Isso se deve a um gene chamado CFR, que codifica uma
proteína capaz de proteger o ribossomo da bactéria contra o
antibiótico.Entretanto, pode haver uma alternativa. O Hospital das Clínicas de São Paulo investigou o efeito do ozônio em dez bactérias, incluindo a KPC, e concluiu que essa
substância pode destrui-las por meio de corrosão de suas membranas. O teste foi
feito in vitro, com colônias de bactérias, e deve ser repetido
em pacientes de hospitais e UTIs,
cujos ambientes podem ser vaporizados com ozônio. Esse gás há tempo vem sendo
usado com sucesso em infecções bacterianas.
FONTE:
1)Explique porque as superbactérias surgem
normalmente em ambientes hospitalares.
2) Que tipo de problemas de saúde a bactéria KPC pode causar?
3) Explique a relação entre o gene ao NDM-1 e o surgimento de bactérias resistentes e a
possibilidade de pandemias.
4) Em que estruturas bacterianas o gene NDM-1 está
localizado?
5) Discuta o caso de superbactérias no Distrito Federal.
6) Explique a diferença de riscos de contaminação
entre uma pessoa hospitalizada ( o paciente) e o visitante.
7) Que tipo de gás vem sendo usado para combater as
superbactérias? E como atua sobre estas
bactérias?